Leia sobre - Brumadinho: crime ambiental
Na última sexta-feira, 25 de janeiro, ocorreu mais um crime ambiental envolvendo a Vale Mineradora em Minas Gerais. Um mar de lama invadiu a cidade de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, devastando tudo o que via pela frente.
A barragem do Córrego do Feijão era de 1976, considerada de pequeno porte com baixo risco de acidente e alto dano potencial e, de acordo com a lei 12.334/10, o alto dano potencial se refere ao “potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais decorrentes da ruptura da barragem”. Em dezembro de 2018, a Vale Mineradora obteve licença para reaproveitamento dos rejeitos e assim, encerraria a atividade, o volume de rejeitos era aproximadamente de 12 milhões de metros cúbicos.
Em dezembro ainda, o superintendente do IBAMA em Minas, Julio Cesar Dutra Grillo, emitiu alerta no qual não considerava as barragens de rejeitos “risco zero”. Conforme dados da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, o Estado possui 668 barragens, e de acordo com Grillo, mais de 300 barragens são inseguras.
Nem a Vale e nem o Estado de Minas Gerais sabem dizer o que aconteceu com a barragem. Abalos sísmicos foram registrados na região, mas não fortes o suficiente para ruptura da barragem, que levanta o alerta de que, talvez, pequenas fraturas preexistentes poderiam ter aumentado com os tremores.
Sobre a tragédia
A barragem 1 do complexo da Mina do Feijão se rompeu perto da hora do almoço, atingindo a área administrativa da Vale, comunidades da região e o Rio Paraopeba.
Tanto a Vale quanto os bombeiros divergem quanto ao número de barragens rompidas; a Vale diz que somente uma foi rompida e com isso, outra barragem transbordou devido ao excesso de lama da primeira, já o Corpo de Bombeiros, afirma que três barragens se romperam.
O Corpo de Bombeiros informa que, pelo menos, 58 pessoas morreram e mais de 300 pessoas estão desaparecidas.
Não existe nenhum laudo sobre o impacto ambiental dessa tragédia, a origem do rejeito é da extração de ferro, mas comparando com Mariana (2015), por onde a lama passar a área ficará infértil, pois o resíduo, pobre em material orgânico, afetará, principalmente, pequenos produtores.
Um grande impacto será sentido no Rio Paraopeba - um dos principais afluentes do rio São Francisco, a saúde do rio será comprometida, em um primeiro momento, a lama matará toda a vida que depende do rio, e o leito do rio poderá se tornar estéril.
Imagem do antes x depois do Rio Paraopeba
A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) afirma que a região não ficará sem água e que farão análises para constatar possível contaminação.
Sobre Mariana
Em 2015, a região de Mariana, também em Minas Gerais, sofreu com o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, deixando 19 mortos e o título de “maior desastre ambiental da história brasileira”, mudou para sempre a vida da comunidade de Mariana/Bento Rodrigues e o Rio Doce. A quantidade de rejeitos era mais de 50 milhões de metros cúbicos, afetando os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e o oceano Atlântico.
Mesmo com todo esse impacto, Samarco e Vale praticamente não foram punidas, a população vive até hoje sem saber o que esperar.
Rio Doce após o rompimento da Barragem de Fundão/Mariana-MG
Sobre Brumadinho
Ainda é cedo para comparar a medida usada em Mariana, a região sofre o impacto da tragédia, a busca por seus entes e a dor.
O Corpo de Bombeiros conta com ajuda de voluntários, e o governo de Israel mandou uma equipe de soldados com experiência em busca de vítimas por soterramento.
Devemos respeitar o momento, mas não podemos deixar passar impune, o impacto ambiental é devastador e isso não pode ser considerado pontual.
Fontes:
bbc.com - diversos artigos
uol.com.br - diversos artigos/colunistas
epoca.globo.com - https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2015/11/estes-sao-alguns-dos-danos-ambientais-causados-pela-lama-da-barragem-da-samarco.html
redebrasilatual.com.br - https://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2019/01/rejeitos-da-vale-em-brumadinho-chegarao-ao-sao-francisco-afirma-especialista